Emprestimo santander com imovel de garantia

No Brasil, nos últimos anos, vem ganhando popularidade uma modalidade de crédito chamada empréstimo com garantia de imóvel (também referida como crédito imobiliário com garantia, home equity, ou “refinanciamento imobiliário”). Nessa modalidade, o tomador utiliza um imóvel (casa, apartamento, terreno, imóvel comercial) como garantia de que cumprirá o pagamento das parcelas. Por contar com essa segurança para o banco, esse tipo de empréstimo costuma oferecer taxas de juros mais baixas e prazo de pagamento mais longo do que empréstimos pessoais ou cartões de crédito.

No Santander, esse produto é comercializado sob nomes como Usecasa (ou crédito com garantia de imóvel). Dessa forma, o cliente “facilita” o acesso a valores maiores de crédito, ao custo de oferecer um bem imóvel como garantia.

Este artigo vai abordar:

  1. O que é e como funciona esse tipo de crédito
  2. As vantagens e desvantagens
  3. Requisitos, regras e critérios do Santander
  4. Aspectos jurídicos e legislativos importantes
  5. Custos, taxas, prazos e simulações
  6. Riscos e cuidados
  7. Dicas para quem planeja contratar
  8. Comparação com outras modalidades de crédito
  9. Cenários práticos e considerações finais

1. O que é e como funciona

1.1 Conceito de empréstimo com garantia de imóvel / home equity

O crédito com garantia de imóvel (também chamado de home equity) consiste em uma operação financeira na qual o tomador oferece um imóvel como garantia (“colateral”) para obter recursos financeiros. Em caso de inadimplência, o banco credor pode executar a garantia (isto é, tomar o imóvel, vendê-lo, leiloá-lo) para recuperar parte ou total do valor emprestado.

Esse tipo de operação difere de um financiamento imobiliário tradicional, cujo objetivo é adquirir o imóvel. No empréstimo com garantia, o imóvel já está em posse do tomador, ou seja, ele já é proprietário ou possuidor, e passa a emprestar recursos usando esse imóvel como garantia.

No Santander, essa modalidade é denominada Usecasa ou “empréstimo com garantia de imóvel”. (Santander)

1.2 Por que é “facilitado”?

O termo “facilitado” aqui é mais de marketing ou de percepção, referindo-se ao fato de que, por oferecer o imóvel como garantia, o banco tem mais segurança de recuperar o crédito em caso de inadimplência. Com isso, pode oferecer:

  • taxas mais baixas (juros reduzidos comparados a empréstimos sem garantia)
  • prazos mais longos
  • valores de crédito maiores

Dessa forma, para o cliente, é “mais fácil” conseguir um valor significativo de crédito com custo menor do que outras modalidades com risco mais elevado ao banco.

1.3 Estrutura e funcionamento

De forma geral, o funcionamento envolve as seguintes etapas:

  1. Simulação / solicitação: O cliente faz uma simulação no site ou app do banco para verificar qual valor pode obter, prazos, parcelas, taxas. No caso do Santander, há essa simulação online para o Usecasa. (Santander)
  2. Análise de crédito: O banco avaliará o perfil do cliente (renda, histórico financeiro, score de crédito). (cms.santander.com.br)
  3. Análise técnica do imóvel: Será feita avaliação do imóvel (vistorias, verificação da matrícula, certidões negativas de ônus). (cms.santander.com.br)
  4. Aprovação e formalização: Se aprovado, o contrato será preparado, assinado e levado ao cartório para registro. No caso do Santander, o contrato deve ser registrado no cartório, com atualização da matrícula. (Santander)
  5. Liberação do crédito: Após o registro do contrato e liberação, o valor é depositado na conta do cliente — geralmente dentro de até 5 dias úteis no Santander. (Santander)
  6. Pagamento em parcelas fixas: As parcelas são fixas (sem correção ou indexação — no caso do Santander) durante todo o prazo contratual. (Santander)
  7. Manutenção da garantia: Durante o prazo, o imóvel permanece sob alienação fiduciária — ou seja, o cliente mantém a posse, mas o banco mantém uma garantia sobre o imóvel até quitação da dívida. (Santander)
  8. Em caso de inadimplência: Se o cliente atrasar parcelas ou deixar de pagar, o banco poderá executar a garantia, consolidar a propriedade do imóvel e vendê-lo ou leiloá-lo para saldar a dívida. Isso depende das cláusulas contratuais e das leis aplicáveis (muitas vezes via processo extrajudicial).

No Santander, as condições comerciais típicas são:

  • crédito de até 60% do valor de avaliação do imóvel (Santander)
  • prazo de até 20 anos (ou seja, 240 meses) para pagamento (Santander)
  • parcelas fixas, sem correção ou indexação (Santander)
  • taxas de juros mensais a partir de cerca de 1,12% ao mês (pode variar conforme perfil, valor, prazo) (Santander)
  • imóveis residenciais, comerciais e terrenos podem ser aceitos como garantia, desde que cumpram requisitos do banco (Santander)

Recentemente, o Santander lançou uma linha chamada Use Casa Mais, que permite usar imóveis já alienados (ou seja, que já estão vinculados em financiamento) como garantia com respaldo da nova lei de garantias (Lei 14.711/2023). (Suno)


2. Vantagens e desvantagens

2.1 Vantagens

  1. Taxas de juros menores
    Por conta da garantia oferecida, o risco para o banco é reduzido, o que se traduz em juros mais baixos para o cliente em comparação com empréstimos pessoais, cheque especial ou crédito consignado. (Santander)
  2. Prazos mais longos
    Empréstimos com garantia de imóvel permitem prazos estendidos (no caso do Santander, até 20 anos) para pagamento, o que reduz o valor das parcelas mensais e alivia o orçamento. (Santander)
  3. Valores mais elevados de crédito disponível
    Como o banco tem maior segurança, pode conceder quantias maiores, muitas vezes até 60% do valor de avaliação do imóvel. (Santander)
  4. Liberdade de uso dos recursos
    Ao contrário de créditos com destinação específica (como financiamento de automóvel ou empréstimo estudantil), o cliente pode usar os recursos para o que desejar: quitar dívidas, investir, abrir negócio, reformar casa, viajar etc. (Santander)
  5. Manutenção da posse do imóvel
    O cliente continua morando ou utilizando o imóvel normalmente — ele não precisa sair ou entregar o imóvel ao banco. A garantia é formal, mas não implica desocupação, desde que o contrato seja honrado. (Santander)
  6. Possibilidade de crédito para imóveis em fase de financiamento (via Use Casa Mais)
    Com a Lei 14.711/2023, o Santander passou a oferecer linha que aceita imóveis que já estejam alienados como garantia para novos empréstimos. Isso amplia o alcance da modalidade. (Suno)
  7. Parcelas fixas e mais previsibilidade
    Ao não haver correção ou indexadores vinculados, as parcelas permanecem constantes, facilitando o planejamento financeiro. (Santander)

2.2 Desvantagens e riscos

  1. Risco de perder o imóvel
    Caso o cliente não pague as parcelas, o banco pode executar a garantia e tomar posse do imóvel para saldar a dívida. É um risco real que exige cautela.
  2. Alteração no valor residual
    Mesmo que o imóvel se valorize ou deprecie no período, isso não costuma afetar as parcelas contratuais, mas pode impactar o “equity” (diferença entre valor do imóvel e saldo devedor) restante ao final.
  3. Custos de cartório, registro e impostos
    Para formalizar a garantia imobiliária, será necessário registro de contrato em cartório, atualização da matrícula do imóvel, custos de diligência e eventuais impostos relacionados. Esses custos, embora não sempre muito elevados, devem ser considerados.
  4. Limitação no percentual de uso do valor do imóvel
    O banco não permitirá usar o valor total do imóvel como crédito — geralmente limita-se a uma fração (por exemplo, 60%). A parcela restante do valor do imóvel não pode ser utilizada.
  5. Requisitos rigorosos de análise
    Exigências são maiores — bom histórico de crédito, documentação perfeita do imóvel, situação fiscal regular etc. Se houver pendências na matrícula, ação judicial, averbações, o banco pode recusar.
  6. Comprometimento de renda elevado
    Como o prazo pode ser longo, somado às parcelas, isso pode comprometer o orçamento mensal do cliente de forma relevante.
  7. Menos flexibilidade em relação a renegociações
    Em alguns contratos, renegociar parcelas ou fazer amortizações pode ter custo ou restrições.
  8. Liquidez reduzida do imóvel enquanto garantia
    Enquanto o empréstimo estiver em vigor, o imóvel fica “imobilizado” como garantia, não podendo ser usado para outra operação ou vendê-lo livremente (a menos que haja quitação ou autorização do banco).

3. Requisitos, regras e critérios do Santander

Para quem quer contratar esse tipo de empréstimo no Santander, é importante conhecer os critérios e exigências do banco. A seguir, os principais pontos (com base em fontes públicas):

3.1 Imóvel aceito como garantia

O Santander aceita diferentes tipos de imóveis como garantia, desde que atendam certas condições. (Santander)

  • Residenciais (casas, apartamentos)
  • Comerciais
  • Terrenos urbanos (quando regularizados, não edificados ou em fase de construção) (Santander)
  • Imóveis próprios ou de terceiros (imóvel de terceiros pode ser usado como garantia, se houver autorização e acordo formal) (Santander)
  • Para terrenos: devem estar localizados em zona urbana, devem estar regulados, sem construções, ou construções já edificadas de forma aceita pelo banco. (Santander)
  • O imóvel não pode ter ônus, gravames, penhoras ou disputas judiciais que impeçam sua utilização como garantia. O banco exigirá certidões negativas de ônus e certidões do registro imobiliário. (Santander)
  • A matrícula do imóvel deve estar atualizada e em dia, com certidão negativa de ônus e de ações reais. (Santander)

3.2 Perfil do cliente e análise de crédito

Além das características do imóvel, o cliente precisa atender critérios de crédito:

  • Renda comprovada: é exigida comprovação de renda para garantir que o cliente terá capacidade de pagar as parcelas. (Santander)
  • Histórico de crédito: score de crédito, ausência de inadimplências graves ou restrições financeiras.
  • Relacionamento bancário: o fato de o cliente já ser correntista ou ter relacionamento com o Santander pode facilitar a análise ou conceder melhores condições.
  • Documentação pessoal: documentos de identidade, CPF, comprovante de residência, certidões pessoais negativas etc.

3.3 Percentual de crédito concedido

O Santander costuma liberar até 60% do valor de avaliação do imóvel em crédito. Ou seja, se o imóvel for avaliado em R$ 500 mil, é possível obter até R$ 300 mil (nesta estimativa). (Santander)

Esse percentual pode variar conforme o banco, perfil do cliente e o imóvel.

3.4 Prazos e taxas

  • No Santander, o prazo máximo costuma ser até 20 anos (240 meses) para pagamento. (Santander)
  • A taxa de juros é fixa (sem correção) e pode iniciar em cerca de 1,12% ao mês (ou valores semelhantes, dependendo do perfil) no Usecasa. (Santander)
  • Algumas condições promocionais ou variações podem permitir taxa desde 1,05% ao mês especialmente para prazos curtos, conforme a linha Use Casa Mais. (IstoÉ Dinheiro)
  • As parcelas são fixas (valor constante durante todo o período do contrato). (Santander)

3.5 Custos extras e despesas

Além dos juros e do valor principal, o cliente deve arcar com:

  • Custos de cartório e registro imobiliário
  • Taxas de avaliação do imóvel e vistoria
  • Emissão de certidões negativas e documentação do imóvel
  • Tarifas bancárias relacionadas ao contrato (se houver, conforme política do banco)
  • Impostos ou taxas eventuais de transferência ou averbação

3.6 Formalização e prazos de liberação

  • O contrato deverá ser registrado em cartório e a matrícula do imóvel atualizada com a cláusula de garantia fiduciária. (Santander)
  • Após assinatura do contrato e registro cartorial, o Santander indica que libera o crédito em até 5 dias úteis. (Santander)
  • É exigida vistoria no imóvel para confirmar o estado, localização, condições estruturais.

4. Aspectos jurídicos e legislação correlata

Para entender bem esse tipo de operação, é essencial conhecer os aspectos legais implicados, especialmente no que diz respeito à garantia imobiliária, alienação fiduciária e execução de garantias.

4.1 Alienação fiduciária de bem imóvel

A forma mais usada de garantia imobiliária em operações de crédito hoje é a alienação fiduciária. Nessa modalidade, há uma transferência da propriedade “residual” ou “fiduciária” para o credor, mas com condição resolutiva (ou seja, quando o devedor quita a dívida, a propriedade plena retorna ao tomador). O devedor permanece com a posse direta do imóvel e pode usá-lo normalmente, salvo se deixarem de pagar. (Santander)

A alienação fiduciária permite execução extrajudicial mais rápida (sem necessidade de ação judicial prolongada) em caso de inadimplência, desde que o contrato preveja e o procedimento legal seja seguido.

4.2 Lei das Garantias — Lei 14.711/2023

Um grande marco recente é a Lei 14.711/2023, conhecida como “Marco das Garantias”. Essa lei flexibilizou o uso de garantias em operações de crédito, permitindo que um mesmo bem (por exemplo, imóvel) possa ser usado como garantia de mais de uma operação de crédito, desde que observadas determinadas condições e limites.

Graças a essa lei, o Santander lançou uma linha chamada Use Casa Mais, que permite que imóveis já alienados (ou vinculados a outro financiamento) possam ser utilizados como garantia para um novo empréstimo. (Suno)

Antes da lei, muitas instituições exigiam que o imóvel estivesse “desalienado” ou livre de gravames para ser usado como garantia. Com a nova lei, abriu-se espaço para expandir a oferta de crédito com garantia imobiliária.

4.3 Contrato e cláusulas contratuais

O contrato de empréstimo com garantia imobiliária deve definir:

  • valor principal
  • taxa de juros aplicada
  • prazo de pagamento
  • forma de amortização e cronograma de parcelas
  • cláusulas de inadimplência e execução da garantia
  • cláusula de consolidação de propriedade (em caso de inadimplência)
  • vencimento antecipado, caso necessário
  • obrigações de manutenção do imóvel pelo devedor
  • responsabilidades por impostos, seguros e encargos

É importante ler cuidadosamente todas as cláusulas, especialmente as que tratam de inadimplência e execução da garantia, para saber quais são os prazos, notificações e procedimentos previstos.

4.4 Executividade da garantia e consolidação da propriedade

Se o cliente deixar de pagar parcelas, o banco credor pode:

  1. Notificar o devedor para purgar a mora (isto é, pagar os débitos em aberto, mais juros e encargos) num prazo estipulado (geralmente previsto no contrato).
  2. Após prazo vencido, consolidar a propriedade do imóvel em nome do credor fiduciário (ou seja, a propriedade “resolutiva” se torna plena).
  3. Publicar edital ou proceder à venda do imóvel (venda judicial ou extrajudicial, conforme previsão) para liquidar a dívida.
  4. Se houver saldo remanescente após a quitação ou venda, esse valor será devolvido ao devedor, depois de pagos encargos e despesas.

Esses procedimentos são regulados pela lei vigente, especialmente a Lei 9.514/97 (que regula a alienação fiduciária de imóveis) e outras normas civis e de registro.

4.5 Registro imobiliário e matrícula

O contrato de empréstimo com garantia imobiliária deve ser registrado na matrícula do imóvel no cartório de registro de imóveis competente. Isso gera cláusula de garantia e torna pública a vinculação do imóvel ao crédito. É parte essencial da formalização da garantia.

A matrícula deverá estar atualizada e livre de irregularidades, e o banco exigirá certidões negativas e documentação do imóvel para assegurar que não haja litígios ou restrições judiciais.


5. Custos, taxas, prazos e simulações

Aqui vamos explorar com mais detalhamento os valores e simulações possíveis, com base nos dados públicos do Santander.

5.1 Taxas de juros

No Santander, a taxa de juros para o Usecasa começa em 1,12% ao mês (fixa) para operações que atendem critérios de perfil favorável. (Santander)

Para a linha Use Casa Mais (que permite imóveis já alienados como garantia), as taxas divulgadas variam entre 1,05% a 1,69% ao mês, dependendo do prazo. (IstoÉ Dinheiro)

Essas taxas mensais fixas se comparam favoravelmente a outras modalidades de crédito (empréstimo pessoal, cheque especial, cartão) que costumam ter taxas muito mais elevadas.

5.2 Prazos

  • Prazo máximo: 240 meses (20 anos) (Santander)
  • Para prazos mais curtos a taxa pode ser menor ou condições diferentes

5.3 Percentual do valor do imóvel

  • O banco costuma liberar até 60% do valor de avaliação do imóvel como crédito. (Santander)

5.4 Simulação de exemplo

Suponha um cliente que possui um imóvel avaliado em R$ 400.000,00 e busca crédito de até 60%, isto é, R$ 240.000,00.

  • Valor do empréstimo: R$ 240.000
  • Prazo: 240 meses
  • Taxa de juros fixa mensal: 1,12%

Para simplificar, vamos fazer uma estimativa de prestação (embora o cálculo real também leve em conta amortização e taxas).

Se usássemos uma fórmula de financiamento com juros compostos, amortização constante ou sistema price, a parcela mensal pode ficar significativa.

Por exemplo, em regime de PRICE, a fórmula da prestação ( P ) é:

[
P = \frac{i \cdot PV}{1 – (1 + i)^{-n}}
]

onde

  • ( i = 0,0112 ) (1,12% ao mês)
  • ( PV = 240.000 )
  • ( n = 240 )

Plugando:

( P = \frac{0,0112 \times 240000}{1 – (1.0112)^{-240}} )

Esse valor daria, aproximadamente (estimativa), uma prestação mensal elevada (em torno de ~ R$ 2.700 a R$ 3.000). (Obs: este é um cálculo ilustrativo e simplificado — o valor exato depende do sistema adotado pelo banco, amortizações, seguros, despesas etc.)

Se o prazo fosse menor, por exemplo 120 meses (10 anos), a parcela seria muito mais alta, mas o custo total de juros menor.

5.5 Comparação com outras modalidades

Comparando com empréstimo pessoal ou crédito consignado, mesmo que prazos ou valores sejam menores nessas modalidades, as taxas costumam ser bem mais altas (alguns empréstimos pessoais têm taxas na faixa de 3% a 6% ao mês ou mais, dependendo do risco). Por isso, o crédito com garantia imobiliária se torna mais atraente quando o valor necessário for elevado e o cliente tenha imóvel para oferecer como segurança.

5.6 Custos adicionais

Além da parcela, é preciso reservar orçamento para:

  • Taxas de cartório e registro
  • Vistoria do imóvel
  • Avaliação técnica
  • Certidões
  • Impostos ou emolumentos

Esses custos podem variar conforme o local, o estado, o cartório e o valor do imóvel.


6. Riscos e cuidados que o tomador deve observar

Embora o crédito com garantia imobiliária apresente vantagens, existem riscos que devem ser bem avaliados:

6.1 Risco de perda do imóvel

Como já mencionado, o maior risco é a execução da garantia em caso de inadimplência. Mesmo que o cliente tenha boas intenções, perdas de emprego, crises financeiras ou imprevistos podem afetar sua capacidade de pagamento. É essencial avaliar cuidadosamente se o fluxo de caixa permitirá cumprir as parcelas.

6.2 Desvalorização do imóvel

Se o imóvel desvalorizar ao longo do tempo, pode haver situação em que o valor de mercado fica próximo ou até abaixo do saldo devedor, gerando pouca ou nenhuma “folga” patrimonial. Se o cliente quiser vender o imóvel antes de quitar o crédito, pode haver dificuldade.

6.3 Impacto no orçamento

Parcelas longas, ainda que relativamente menores, ao longo de muitos anos representam um compromisso financeiro de longo prazo. Qualquer mudança de renda ou aumento de despesas pode pressionar o orçamento.

6.4 Cláusulas contratuais desfavoráveis

É fundamental ler com atenção cláusulas de antecipação, amortização, penalidades por atraso, vencimento antecipado e execução da garantia. Algumas condições podem ser desfavoráveis e extremamente rígidas.

6.5 Insegurança jurídica ou documental

Se houver irregularidades na matrícula do imóvel, pendências judiciais, ações, gravames ocultos, penhoras ou litígios não detectados pela avaliação do banco, isso pode inviabilizar a operação ou gerar conflitos futuros.

6.6 Liquidez comprometida

Enquanto o contrato estiver vigente, o imóvel está vinculado como garantia — não pode ser livremente vendido ou negociado sem resolver ou quitar o crédito ou obter autorização do banco.

6.7 Risco de encargos extras

Se o cliente atrasar ou não cumprir obrigações, pode haver multas, juros de mora, encargos contratuais, além dos custos de execução (custas judiciais ou extrajudiciais, leilão etc.).


7. Dicas para quem vai contratar

Se você está considerando fazer um empréstimo com garantia imobiliária no Santander (ou em outro banco), aqui vão algumas dicas para minimizar riscos e obter condições melhores:

  1. Faça várias simulações
    Use as ferramentas online ou no app do banco para simular diferentes valores, prazos e parcelas. Compare cenários.
  2. Avalie sua estabilidade financeira
    Considere sua renda futura, possibilidade de imprevistos (doença, desemprego) antes de assumir obrigação de longo prazo.
  3. Negocie taxas
    Em casos de bom relacionamento bancário, perfil financeiro sólido e imóvel bem localizado, há margem para negociar taxas melhores.
  4. Solicite detalhamento de todos os custos
    Peça que o banco apresente todos os custos (registro, cartório, certidões, avaliação) por escrito, para evitar surpresas.
  5. Leia todas as cláusulas contratuais com atenção
    Fique atento às cláusulas de inadimplência, execução da garantia, vencimento antecipado, multas, amortização etc.
  6. Verifique a matrícula e situação do imóvel
    Consulte o cartório de registro de imóveis para checar se há pendências, ações judiciais, gravames ou restrições sobre a propriedade.
  7. Planeje amortizações parciais
    Se o contrato permitir, fazer amortizações extras pode reduzir o valor total pago de juros. Avalie se há encargos para isso.
  8. Mantenha o imóvel em bom estado e pague tributos
    Durante o prazo do empréstimo, é essencial manter o imóvel regularizado, pagar IPTU, taxas e seguro (se exigido) para evitar riscos contratuais.
  9. Avalie alternativas de crédito
    Compare com outras modalidades (empréstimo pessoal, financiamento, crédito consignado) para ver se a opção com garantia realmente é mais vantajosa no seu caso.
  10. Fique atento às mudanças legais
    Leis e regulamentações podem mudar (como a Lei 14.711/2023), abrindo novas possibilidades ou restringindo condições.

8. Comparação com outras modalidades de crédito

Para entender melhor a vantagem ou desvantagem do crédito com garantia imobiliária, vale compará-lo com outras modalidades:

8.1 Empréstimo pessoal

  • Vantagem: facilidade de contratação, uso rápido, não exige garantia.
  • Desvantagem: taxas muito mais altas, prazos curtos, valor limitado.

Para valores elevados ou prazos longos, o crédito com garantia imobiliária tende a ser mais econômico.

8.2 Financiamento imobiliário tradicional

  • Vantagem: serve para aquisição do imóvel, geralmente com taxas reguladas (como SFH).
  • Desvantagem: o imóvel é vinculado ao financiamento; o crédito com garantia imobiliária permite usar imóvel já existente.

8.3 Crédito consignado

  • Vantagem: taxas mais baixas que empréstimo pessoal (para assalariados públicos ou privados com convênio).
  • Desvantagem: limitado a parte da renda, valor limitado, depende de convênio, não disponível para todos.

8.4 Empréstimo com garantia de veículo

  • Vantagem: taxas melhores que empréstimo pessoal, uso de veículo como garantia.
  • Desvantagem: valor limitado (veículos valem menos), risco de perder o veículo em caso de inadimplência.

8.5 Home equity em outras instituições

Outros bancos e fintechs também oferecem crédito com garantia imobiliária. As condições variam (taxas, prazos, percentual do valor do imóvel). É importante comparar antes de decidir.

Em resumo: se o valor que você precisa é alto, se você possui imóvel livre de gravame ou com condições favoráveis, e pretende pagar em longo prazo, o crédito com garantia imobiliária geralmente é a opção mais vantajosa entre empréstimos de alto valor.


9. Cenários práticos e considerações finais

9.1 Cenário prático 1: Reforma de alto valor

Imagine que você precisa de R$ 200.000,00 para reformar amplamente sua casa ou construir uma piscina, fazer acabamentos especiais etc. Um empréstimo pessoal dificilmente conseguiria liberar esse valor com taxa razoável. Ao usar seu imóvel como garantia (caso possua imóvel), você pode conseguir esse valor a juros mais baixos e pagar em longo prazo, sem comprometer tanto o orçamento mensal.

9.2 Cenário prático 2: Abrir ou capitalizar negócio

Você tem um negócio e precisa de capital para investir: compra de equipamentos, capital de giro, expansão. Um empréstimo bancário comum pode ter juros altos. Usar imóvel como garantia permite obter valor significativo a juros mais baixos. Porém, se o negócio falhar e você não conseguir honrar parcelas, pode ficar vulnerável à perda do imóvel.

9.3 Cenário prático 3: Quitar dívidas caras

Se você tem dívidas com juros elevados (cartão de crédito, cheque especial, empréstimos pessoais), pode valer a pena consolidar essas dívidas usando crédito com garantia imobiliária — substituir financiamentos caros por um com juros mais baixos. Mas, atenção: você estará colocando seu imóvel em risco, então isso precisa ser bem planejado.

9.4 Considerações finais

  1. O empréstimo com garantia de imóvel no Santander (Usecasa) oferece uma modalidade potente de crédito, com taxas reduzidas, prazos longos e possibilidade de valores elevados.
  2. No entanto, não é “risco zero” — é imprescindível avaliar a capacidade de pagamento e os retornos financeiros antes de se comprometer.
  3. Compare sempre com outras opções de crédito e negocie as melhores condições possíveis com o banco.
  4. Verifique cuidadosamente documentação do imóvel, contrato e cláusulas contratuais.
  5. Aproveite as recentes mudanças legais (Lei 14.711/2023) que ampliaram as possibilidades de uso de imóveis já alienados como garantia (linha Use Casa Mais).
  6. Em muitos casos, essa modalidade pode “facilitar” o acesso a crédito de valor elevado e custo menor — mas o uso consciente e o planejamento são essenciais para que essa facilitação não se torne um problema.

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